Época de Reajuste Salarial é sempre
a mesma coisa: Sindicatos elencando as “maravilhosas” conquistas obtidas para
suas respectivas classes, enquanto juram lutar como paladinos por melhores
condições de trabalho. Esta é sempre uma ótima época para conquistar novos
filiados, afinal, o profissional chega a se sentir culpado quando usufrui destas
sem nada oferecer em troca. Uma das “conquistas” mais louvadas é a chamada
“Participação nos Lucros e Resultados”, ou simplesmente PLR. Há anos assisto a
perplexidade estampada no rosto de meus colegas quando anuncio que sou
totalmente contra a PLR, assim, gostaria de aproveitar este espaço para
transcrever as explicações que já repeti tantas vezes.
Não quero transformar este texto em
uma denúncia especulativa sobre os reais interesses das Lideranças Sindicais!
Isto fica para conversas de bar! Por hora, façamos de conta que eles realmente
lutam pelos direitos dos trabalhadores e também foram, como vocês e eu,
enganados quando o conceito de PLR foi criado. Você pode não ser sindicalizado,
pode não pertencer a uma classe organizada em sindicatos ou simplesmente não
trabalha em uma empresa que paga a PLR, ainda assim esta reflexão lhe diz
respeito, pois tenho certeza que já passou pela sua cabeça como seria bom
trabalhar em uma empresa assim, principalmente quando aquele seu amigo troca de
carro ou leva a família inteira para o Nordeste graças à gorda PLR! As
campanhas sindicais, ilustradas até em jornais especializados no caso dos
sindicatos mais organizados, apresentam grandes anúncios sobre os valores
recordes conquistados em PLR a cada ano, mas nunca falam do grande desastre que
foi o Reajuste Salarial! É para este ponto que desejo chamar a atenção!
Nas campanhas que antecedem o
dissídio, prometem lutar por grandes aumentos, os chamados aumentos reais,
supostamente com um percentual consideravelmente superior ao da inflação. No
fim, raramente passam de 5% sobre a inflação, e qualquer trabalhador sabe que
na vida real este aumento nem chega perto da inflação. Mas todo mundo esquece
isto quando chega a PLR! O maior “cala a boca” das relações trabalhistas. Os
endividados quitam seus débitos, os investidores realizam aportes, os
desapegados cruzam o país. Agora veja meu ponto de vista:
A PLR não é um direito fixo. Ainda
que exista algum documento que garanta a PLR para determinada classe
trabalhista, uma boa PLR neste ano não é garantia de valor equivalente ano que
vem. Uma virada de mercado pode ser desculpa até mesmo para a ausência da mesma
“Não tivemos lucros significativos este ano!”. Procure conceber, por um
instante, o valor da PLR dividido em doze parcelas. Para ser mais específico,
imagine-o diluído no salário. Ainda não entendeu? Tomemos por exemplo um
trabalhador X, cujo piso salarial seja uns R$ 1500,00. Imagine que ele é
bancário ¹ e que neste ano receberá uma PLR de R$ 5000,00. Agora dilua este
valor no salário do ano, convertendo a PLR em um Reajuste Salarial, ou seja,
5000 / 12 + 1500. O salário de X iria para, aproximadamente, R$ 1917,00. Um
Reajuste Salarial de quase 30%. Em qual companhia você obteria um aumento desta
proporção?
Isto implicaria em mais gastos para
a empresa? Talvez! Note que o aumento de 30% teria reflexos em benefícios,
férias, horas extras, FGTS, etc. Por outro lado, a bolada de R$ 5000,00 que a
empresa teve que gastar com X em uma ou duas parcelas poderia ser retida,
aplicada, re-investida, de modo a amenizar este possível déficit e até mesmo
potencializar o lucro para o próximo ano. Todo mundo ganha! Por que, então,
escolhe-se manter as coisas como estão? Pelo simples fato que o aumento
salarial é fixo. Não se pode reduzir o salário no fim do ano seguinte sob
alegação de lucros menores e os “patrões” não querem se comprometer deste modo.
Ainda assim, fica o convite à
reflexão! Na próxima vez que receber Participação nos Lucros ou ouvir
comentários de um amigo que recebe, pergunte-se, Lucro para Quem?
Notas:
¹
A atividade mais lucrativa, atualmente, portanto, a que apresenta uma das
melhores PLR
Cara, sem nada a acrescentar. Foi convincente e nem precisava de tantos argumentos.
ResponderExcluirO exemplo do bancário foi perfeito.
Até a próxima!
Muito boa Noite Ale!
ExcluirConsidere-se sempre bem vindo a este espaço, afinal, não é minha intenção consolidar um monólogo!
Que a Força esteja com você!
P.S.: Próxima postagem - 50 Tons de Homens - Agendada para 14/01. Aguardo sua participação!