Para o terceiro pilar deste tripé investigativo, surge-me a dúvida
se perspectiva "teológica" seria o termo mais adequado. Se, em
momento algum, trato do Teo ("deus"), por que escolhi este nome? É
certo que a Teologia, em si, admitiria esta aplicação, já que sua busca
realmente transcende seu nome, mas para mim, que sempre favoreço o fundo
semântico, em detrimento da aplicação usual, fica estranho. Não tenho justifica
a não ser o fato de que a aplicação usual de "Teologia" se enquadra
melhor que outros termos que me ocorreram.
Comecei falando de minha “iluminação”, do Buda e das vidas
passadas. Em seguida examinamos fundamentações lógicas (nunca místicas, mas não
completamente científicas) para uma visão mais racional das vidas passadas.
Incluamos agora a iluminação do Buda. Primeiro, gostaria que percebesse a
redundância desta última oração. "Buda" já significa
"iluminado". Outra pergunta que deveria ter-lhe ocorrido é "qual
Buda?", já que neste mesmo texto foi dito que somos todos budas. Quando
digo "O Buda" refiro-me ao primeiro Buda histórico, Sidarta Gautama.
A literatura budista descreve a iluminação de Gautama como o
momento no qual ele obteve plena compreensão de tudo. Inclui que neste processo
ele tomou consciência de todas as suas existências passadas. Neste ponto eu me
perco. Recordar consome tempo. Recordar cada detalhe de um minuto de vida
consumiria um minuto revivendo mentalmente aquele período. Recordar uma vida
consumiria o tempo de uma vida. Você poderia contestar dizendo que não foram vidas
inteiras, mas fragmentos. O problema persiste: recordar fragmentos de infinitas
vidas passadas consumiria tempo infinito. Você poderia procurar abrigo em algum
conceito místico, dizendo, talvez, que o momento da iluminação do Buda ocorreu
fora do tempo. Neste momento todo o último gole, despeço-me cordialmente e
abandonado a mesa. Como disse, não abordaremos misticismo nesta reflexão.
Pergunte-se agora: e se este "recordar das vidas
passadas" do Buda foi um evento de direito, não de fato? E se o caminho percorrido
por sua mente não foi um passeio cinematográfico por infinitas histórias, mas
simplesmente um "dar-se conta" simples como o das duas partes
iniciais deste texto? Isto me parece, no mínimo, plausível.
Reflita um pouco: Enquanto passávamos por estas linhas talvez
tenhamos juntos reproduzido o mesmo processo. Talvez. Se não, pelo menos
paramos um pouco para admirar o espírito e o universo e isto já é caminhar rumo
à iluminação.
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