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Há anos ocorrem ricos diálogos sobre Civilização Humana e Filosofia, Teologia, História e Cultura em geral! Tudo que possa interessar a alguém que espera da vida um pouco mais que outra temporada de BBB! Após diversos convites a tornar públicos estes diálogos, está feito! Quem busca uma boa fonte de leitura, por favor, NÃO VISITE este site. O que esperamos, de fato, é a franca participação de todos, pois não se chama “Outros Discursos”.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Prostituição

        Não seria nada original, de minha parte, traçar um raciocínio sobre a venda de nosso tempo em nossas atividades profissionais. Queria seguir uma linha paralela, sutilmente diferente.

       Atualmente vivo, ao lado de alguns bilhões de semelhantes, o drama da falta de tempo. Nosso tempo é consumido no trabalho, na viagem até ele e de retorno, nas atividades domésticas no curtíssimo intervalo passado em casa, etc. Injusto ou não, não me cabe discutir isto. O fato é que assim é. Examinemos isto um pouco mais de perto: "vender tempo", algo tão raro e precioso, já é demasiadamente grave, porém, o que se passa em nossa vida é ainda mais. Com o tempo vendido vai nosso sono, nossa alegria, nossa saúde, nossa juventude. Vendemos nosso corpo! Damos fragmentos irrecuperáveis de nosso corpo e espírito para o deleite dalguns terceiros. Prostituição!
       Resignamo-nos frente às bofetadas diárias; revolta só em caso de atraso no pagamento. A coisa vai mais longe. Recordo ter visto, em filmes ou livros, relatos de prostitutas que formavam um vínculo com o prostíbulo no qual desenvolvia-se uma dívida insuperável. O "empregador" apresentava cálculos das despesas com alimentação, vestimentas e acomodação que sempre excedia qualquer ganho com a atividade das garotas, tornando-as prisioneiras por força da dívida. Você não percebe, mas sua carreira, avanço acadêmico, conquistas profissionais e materiais, assim como metas, sonhos e desejos nada mais são que uma complexa teia construída por você mesmo para te aprisionar ao prostíbulo. Você procura se aprimorar profissionalmente para obter cargos e salários maiores, paralelamente planeja o emprego destes recursos extras em viagens, compras e mais aprimoramento profissional.
       Sua dívida é insuperável. Dizer que não usa cartão de crédito, só faz pagamentos à vista e põe no Excel até a compra de uma bala não alivia a situação. A ausência de dívidas é ilusão. O controle de despesas é ilusão. A suficiência financeira é ilusão. Tome agora o telefone, ligue para seu empregador e avise que decidiu não trabalhar por um ano. Vá para o Uruguai (ouvi dizer que é um ótimo lugar), esqueça da vida e escreva um livro. Você é livre para tudo isto? Você é livre para uma destas ações? Estou sendo radical? É evidente. Sem vislumbrar o extremo oposto você não será capaz de perceber o extremo absurdo ao qual você está abraçado. Nós nos enredamos de tal forma que não consigo propor saída. Posso, porém, estimular o primeiro posso rumo a ela. Primeiros passos:
  1. Reconheça o prostíbulo
  2. Reconheça sua dívida
  3. Reconheça que foi você quem a tornou insuperável
  4. Olhe ao redor e aprenda a reconhecer o supérfluo. Supérfluo de verdade, não o que lhe é conveniente
    1. Você precisa mesmo de celular pospago?
    2. Há lugar no qual chegue o carro importado no qual não chegue o popular?
    3. Era preciso ter posto tanta comida no prato?
    4. Há em casa tantos moradores quanto o alimento adquirido?
    5. Aquela folha poderia receber texto no verso?
    6. Aquele texto precisava ser impresso?
    7. Aquela roupa era imprescindível?
    8. Aquela marca era imprescindível?
  5. Quantos livros você leu?
  6. Quantos escreveu?
  7. Quanto tempo passa falando dos outros?
  8. Se é crente, quanto tempo passa orando?
  9. Quando vai estar com outros o que te preocupa mais, tuas roupas roupas ou ter o que dizer?
  10. Qual a proporção entre seu tempo nas médias sociais e seu tempo com um livro?
  11. Com que frequência vai ao shopping?
  12. Com qual frequência entra na livraria do shopping?
  13. Você ainda se lembra qual a textura da casca da árvore?

       Estes são primeiros passos duma longa caminhada. Melhor! Somos os primeiros membros de uma passeata: A passeata pelo fim da Prostituição

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