Gosto das plantas, principalmente das
árvores. Sempre que possível, coleto sementes por onde passo e levo-as para
casa para assisti-las germinar. Há sementes que eclodem em dias e já tive uma
semente que germinou um ano e meio depois de plantada. Parece que nossa
Yggdrasil também demorou para germinar. Desculpem-me! Não raro os compromissos
da vida secular sufocam as atividades do livre pensar filosófico. Abaixo
concluo a reflexão, caso ainda haja quem queira saber aonde levaria…
Nosso caminho começou observando uma
árvore e o fluxo da vida através dela. Reconhecemos este fluxo como semelhante
ao do campo magnético e verificamos a presença desta figura nos mais diversos
níveis existenciais, culminando no reconhecimento do mesmo até no processo de
criação e aniquilação do Universo. Estamos andando para trás, não no sentido de
retrocesso, mas no sentido de tomar distância para abarcar cada vez mais em
nosso campo de visão. Se até instantes atrás contemplávamos um Universo
inteiro, assistindo seu desenvolvimento no espaço e no tempo através do pulsar
de uma esfera, convido-os a dar mais um passo para trás, para que possamos ver universos.
Imagine uma quantidade inimaginável de
universos cada qual em seu próprio momento de criação, expansão ou colapso,
desenvolvendo-se e relacionando-se em relações de espaço, tempo e dimensão inalcançáveis
pela mente humana. O tempo entre eles, o espaço em que se movem, distâncias,
quiçá a forma que se tocam (se e quando tocam), tudo isto é inconcebível.
Acontece em uma existência quadridimensional, ouso dizer. Resta-nos propor uma
precária representação tridimensional destas inconcebíveis relações
quadridimensionais. Você já recuou o suficiente? Já deixou os universos
pequenos e o todo compreensível? O que você vê? Eu vejo uma árvore! “Neo-universos”,
naqueles primeiros microssegundos que antecedem o BigBang são/estão as/nas
finíssimas pontas de cada uma das incontáveis raízes desta árvore. São como uma
única molécula de água absorvida do solo iniciando seu caminho rumo à copa. O
caminho pela raiz e pelo tronco equivale ao processo de expansão daquele
universo no espaço e no tempo, desenvolvendo-se, criando as primeiras gerações
de estrelas, nestas os primeiros átomos complexos, matérias primas para as
próximas gerações de estrelas, planetas e demais corpos celestes.
Um universo em sua plenitude de
expansão é uma folha. O filete de madeira que prende a folha ao galho é a Gravidade,
que mantêm este universo coeso em suas partes e a relação equilibrada entre ele
e os demais. Se você já viu representações gráficas da atração gravitacional
lembra-se que ela aparece como uma deformação em um plano. O plano é o
Universo. É a folha. A deformação, que no limite é um buraco, pode muito bem
ser um cilindro, é um galho na árvore.
Uma copa inteira de um número infinito
de universos/folhas, umas tenras, outras já despidas do verde de sua juventude,
outras completamente secas, lançando-se na queda existencial, mergulho rumo ao
solo, mergulho sobre si mesmas para, um dia, serem novamente ponta de raiz,
seiva no tronco, broto, folha.
A Existência em todas as suas
dimensões, aspectos, relações, universos, histórias, civilizações, divindades, amores,
traições, nascimentos e colapsos, tudo unido em uma única árvore.
Talvez um dia tenha havido um pai, e
este pai amava seus filhos. Talvez um dos filhos, que àquela época não tinha um
martelo, perguntou para este pai sobre o que era existir, o que era a
existência e até onde ia. Quem sabe numa estrelada noite de inverno. Este pai,
que àquele tempo tinha apenas um olho, fitou o alto e alcançou o todo. Sentiu-se
como um corvo cujo voo esteve em toda parte. Com este filho no colo e o outro
ao lado explicou o que viu. Ensinou-lhes sobre YGGDRASIL.
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