Cabeçalho

Há anos ocorrem ricos diálogos sobre Civilização Humana e Filosofia, Teologia, História e Cultura em geral! Tudo que possa interessar a alguém que espera da vida um pouco mais que outra temporada de BBB! Após diversos convites a tornar públicos estes diálogos, está feito! Quem busca uma boa fonte de leitura, por favor, NÃO VISITE este site. O que esperamos, de fato, é a franca participação de todos, pois não se chama “Outros Discursos”.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Nota sobre a Polícia Militar de São Paulo

14 de Janeiro de 2016. Avenida Paulista. São Paulo.
Ouvi rumores de uma suposta manifestação em andamento na Avenida Paulista, região na qual trabalho há mais de um ano. 
Saí mais tarde do trabalho, preso em relatórios que precisava terminar. Eram 20:59. Caminhando pela Alameda Santos vi que carros da CET ainda impediam o acesso de carro à Paulista. Que bom que eu sempre vou ao trabalho de transporte público. Esse mesmo cujo aumento do valor é motivo dos protestos. Apesar de ser afetado pelos aumentos, nunca participei de um único protesto. Isto é para os jovens. Os solteiros. Meu filho não pode ter um pai hospitalizado ou preso.
Apesar da Paulista fechada, não vi qualquer sinal de manifestação. Tinha certeza que já havia acabado ou se deslocado há tempos e a presença da polícia deveria ser apenas para organizar o término da coisa. Andei pela Alameda Santos, completamente tranquila. Cortei caminho pelo conjunto nacional, igualmente tranquilo. Cruzando a saída da Rua Augusta vi vários grupos de jovens sentados da calçada. Era impossível distinguir se eram manifestantes ou hipsters esperando algum evento na Livraria Cultura. 
Nenhum grito de guerra, nenhum palavra de ordem. Tudo tranquilo.
Um cordão de policiais na Paulista monitorava (ou impedia, penso agora)  a passagem na Paulista em direção ao Trianon. A dez metros da entrada da Estação Consolação, já cruzando a Augusta, vi alguns policiais e um pequeno amontoado de pessoas. Tudo tão tranquilo que não senti qualquer receio em continuar a aproximação. Tudo indicava que eram pessoas esperando a reabertura da estação para ir para casa.
Esquina da Avenida Paulista com a Rua Consolação. Um dos pontos de encontro mais icônicos da cidade. Ali passam pais de família indo e vindo do trabalho (eu no meio), paulistanos (de todas as tribos) passeando, moradores do bairro, turistas, etc. Indiferente a este fato, desprezando qualquer mínima raiz de racionalidade, o primeiro débil mental atirou. Bombas de gás lacrimogêneo e outras com som e luz (são estas as de efeito moral?) em todas as direções, indiscriminadamente. Corri junto à massa desesperada buscando abrigo na alameda Santos. As bombas chegavam até lá, mesmo no meio dos carros. Duas senhoras com sacolas batiam desesperadas em um táxi implorando para que ele abrisse. Medo e perplexidade em cada rosto. Um rapaz bem trajado filmando. Eu corria em zigue-zague, corrigindo minha rota cada vez que um disparo passava zunindo por mim e caia logo a diante. 
Fugi. Caminhei até a Trianon. Voltei para casa com olhos vermelhos pelo linha azul. 
Polícia Militar do Estado de São Paulo, aquela mesma que não tem História entre as matérias de seus Editais, comprovou para mim a completa incapacidade de gerir o poder e autoridade que recebeu. O que temos equivale a CNH's e automóveis nas mãos de macacos. Ainda hoje vi fotos no Facebook pedindo o fim da PM. ainda hoje pensei "Que absurdo. Não é para tanto.". 
Parabéns, Polícia Militar do Estado de São Paulo. Acaba de conquistar um opositor, um inimigo. Eu, individualmente, sou irrelevante. Mas São Paulo não é. Até ontem vocês poderiam dizer que as manifestações eram feitas por desocupados. Hoje trabalhadores e repórteres se uniram a elas. Amanhã os médicos que cuidaram de suas vítimas estarão no grupo. Em pouco tempo até PM's, uns raros inteligentes, já terão trocado de lado.
Os vermes que vão para a rua atirar em quem paga seus salários são meros macacos treinados. Não posso esperar capacidade de reflexão da parte deles. Mas quero acreditar que pelo menos o tal Secretário de Segurança Pública não seja. Meu amigo, o que segue não é a ameaça de um manifestante. É a simples constatação de alguém que jogou xadrez suficientes vezes a ponto de sempre saber quais movimentos seguirão aos atuais. Acorde! Tudo que uma sociedade precisa para se levantar com força é um inimigo comum, e você está dando à sociedade paulistana este inimigo, a Polícia Militar do Estado de São Paulo. O senhor está prestes a incitar uma guerra civil.
Eu, Paulista, Paulistano, acordei hoje e percebi : Não preciso e não quero uma Polícia Militar em minha cidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário