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terça-feira, 29 de março de 2016

A vida eterna de um Buda

Estava pensando nisto esta manhã – na fragilidade, impermanência e brevidade da vida - do ponto de vista de um buda.

Quando olhamos do nosso ponto de vista tão limitado a vida é demasiadamente curta e a maior parte deste "quase nada" é repleto de sofrimentos.

Quando olhamos do ponto de vista da vida eterna de um buda, a vida é um mergulho e a morte é o retorno à superfície para tomar fôlego. Pulmões cheios, novo mergulho.


Há dor, há tristezas, perdas, derrotas, mas eu me imaginei morrendo e acordando como buda. Reunido em um único ponto na totalidade de todos os "eu" que eu já fui. Marcelo + Manoel + Carla + Nikola + Aramastefh + sei lá quantos outros. Impossível contar, pois sempre tenho sido alguém.

Aqui vivo a tristeza de não lembrar dos outros e o medo aterrorizante de perder até este único. Então me imagino (de novo) morrendo e acordando como buda. O que mais eu poderia fazer a não ser gargalhar quando lembro desta tristeza, desta saudade, deste medo? Tola infantilidade. Egoísmo vazio. Rio com todas as minhas vozes reunidas. Depois mergulho de novo. Outra vida, porque tenho saudade de conhecer alguém que ainda não conheço, e como poderia reviver isto em um nível de existência no qual conheço todos? Saudade de ser "pai de primeira viagem", saudade do primeiro emprego, primeira demissão, primeiros amassos no ponto de ônibus, primeiro joelho ralado, primeiros passos, primeiras letras, primeiras broncas; saudade de decidir se acredito ou não em disco voador, saudade de escrever um livro, saudade de ler este mesmo livro ansioso por descobrir o final, saudade de ter o amor correspondido, saudade da dor de ser rejeitado, etc.

Estava pensando nisto esta manhã, vendo o azul do céu e a luz do sol e linhas brancas de nuvens cirrocumulus cuidadosamente organizadas pelo vento. Quero ver isto de novo. Amanhã, semana que vem. Neste e em outros séculos. Neste e em outros mundos. Mundos com céus verdes, sóis vermelhos e oceanos sulfúricos. Um mundo adjacente à nova que o kepler filmou explodindo. Terror frente ao fim inevitável e, ainda assim, que coisa magnífica.

E o Carma? Bem vindo carma! Abençoado carma! O carma não é uma ameaça. O carma é a garantia. É a certeza e o fim do medo. Pelas relações cármicas terei novas chances de viver aventuras inéditas com meu filho, minha esposa, minha irmã, meus amigos. Bem vindo carma.


Hoje pensei na vida do ponto de vista da Vida Eterna do Buda e, pasme, eu o sou. Não por arrogância ou prepotência, tampouco por revelação divina ou alienígena. O sou por simples inerência, pois é implícito do "ser budista" ser um buda, se ainda não de fato, sempre de direito.

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