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Há anos ocorrem ricos diálogos sobre Civilização Humana e Filosofia, Teologia, História e Cultura em geral! Tudo que possa interessar a alguém que espera da vida um pouco mais que outra temporada de BBB! Após diversos convites a tornar públicos estes diálogos, está feito! Quem busca uma boa fonte de leitura, por favor, NÃO VISITE este site. O que esperamos, de fato, é a franca participação de todos, pois não se chama “Outros Discursos”.

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Estupro - 2

Na semana passada a impressa divulgou um caso de estupro no Rio de Janeiro cometido por 33 criminosos contra uma menor de idade. Obviamente, o caso “viralizou” nas redes sociais e uma campanha violenta de repúdio a este evento e à “Cultura do Estupro” se formou (até eu me manifestei, como pode ser visto em Estupro). Logo em seguida uma contracampanha surgiu, a da turma do “Esta histórias está muito mal contada!”.

É em oposição a esta turma que quero me manifestar. Entendam: O ponto aqui é muito maior e mais profundo que o seu ridículo mundinho de “Eu odeio esquerdistas comunistas!” (pois é; vi textos que sugeriam que o apoio à moça partia de esquerdistas sensacionalistas). A coisa é muito mais séria que seus patéticos conceitos políticos totalmente fundados no “Não reclame. Trabalhe!” e na “Meritocracia inquestionável!”. A discussão aqui não é política, é social e cultural. Estupro é Estupro! Ponto! Ainda que os tais 33 não tenham participado, mas apenas um, ainda é estupro. Não é menos estupro se a moça for namorada de maconheiro, esposa de traficante ou até mesmo dona da boca. Seria estupro ainda que ela fosse garota de programa, se tivesse acontecido sem seu consentimento. Isto significa que eu desprezo as fotos com uma moça segurando uma arma que vocês compartilharam (desprezo vocês, inclusive). Elas não mudam nada. Ainda que a história estivesse mesmo mal contada e que esta moça em particular não tivesse sofrido a violência, a Cultura do Estupro continua sendo real e a existência de imbecis como os senhores apenas ajuda a fomentá-la.
Pergunto: o cara que segura os braços da moça é menos estuprador que aquele que a penetra? Acredito que não. Pois bem, a turminha que invalidou toda a campanha contra a Cultura do Estupro só porque “esta história está muito mal contada” é menos responsável pela referida cultura que o funk, as telenovelas, o machismo e afins? Fingir que não vê e, pior, atrair para outro lado a atenção de quem está começando a ver é, justamente, o facilitador do crime. Infelizmente poucos de nós são autônomos de verdade. Pessoas espiritualmente maduras para discernir ético e antiético, moral e imoral, certo e errado, por conta própria. A maioria opera diretamente submetido à existência do agente coercitivo externo: “Deus está vendo!”, “O que os outros vão pensar?”, “Que vergonha dos vizinhos!”, etc. (Já falei sobre isto em Crítica à Informação) A banalização dos crimes e demais eventos de motivação torpe (mesmo que não expressamente proibidos em lei), porém, está literalmente soltando as bruxas. Está fazendo vir a tona as inclinações mais doentias, está promovendo o encontro e associação dos doentes (no caso acima, 33 prováveis doentes). A Cultura do Estupro é uma realidade no Brasil e no Mundo e precisa ser combatida com esforço ininterrupto e conjunto de toda a sociedade. Não é uma questão de esquerda ou direita. A menina de vestido curto na balada não é menos digna de respeito que a senhora mãe do leitor deste blog. O respeito não é direto dos outros. É obrigação irrevogável nossa. Percebem a diferença?

Vejo tanta energia empregada nas discussões de gênero. Menino tem que aprender coisas de menino. Menina tem que aprender coisas de menina. Cada qual com brinquedos, brincadeiras e roupas específicas. Ok. Não vou me opor. Fique a vontade para abraçar o mastro enquanto o navio afunda (leia A Extinção do Gênero). Mas tem gente ensinando “meninos” que as “meninas” são um direito deles e não vejo esforço semelhante dos senhores contra isso. Esta visão é esfregada na cara de nossas crianças, adolescentes e adultos, nos comerciais, na internet, na forma de falar, na música, nas novelas. “Você prova que é ‘homem’ se ‘comer’!”. É incalculavelmente fina a linha divisória entre esta inferência e “Você prova que é ‘homem’ se ‘comer’, queira ela ou não!”. Não quero parecer moralista. Não sou puritano. Não sou defensor “da moral e dos bons costumes”. Longe disto. Sou defensor de uma sociedade emancipada, madura, livre das doenças emocionais que ela mesma cria. Um “Ser Humano” maior que este animal que temos sido. Humano de fato, não homem, muito menos macho. Humano.

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